Dados do Trabalho

Título

HIPERCOLESTEROLEMIA E PROTEÇAO CARDIOVASCULAR EM INDIVIDUO IDOSO: AUSENCIA DO PARADOXO DO HDL-COLESTEROL ELEVADO.

Introdução

Estudos observacionais e de intervenção colocaram em dúvida o papel protetor de valores elevados do HDL-C contra a aterosclerose, inclusive com paradoxo de maior risco de mortalidade quando apresenta valores extremos. 

Métodos

Descrição do caso de um paciente idoso, com hipercolesterolemia grave, sem nenhuma manifestação clínica de aterosclerose até os 91 anos.

Resultados

Relato de caso:Homem com 81 anos, portadorde HAS, sem eventos cardiovasculares prévios.Em 2013, apresentava CT 388, LDL-C 141 mg/dL, HDL-C 150 mg/dL, triglicérides 68 mg/dL e AngioTC de coronárias com escore de cálcio(CACs) de zero. Foi mantido com a terapia anti-hipertensiva e iniciado atorvastatina 20mg/dia. Após 8, mantinha-se assintomático, contudo, apresentou valores máximos de LDL-C 224 mg/dL e HDL-C 142 mg/dL (com menor aderência medicamentosa neste momento). No follow-up de 10 anos, segue assintomático,ativo, c/bom controle pressórico e novo CACs de 19 unidades(2023), com placas ateroscleróticas mínimas em território uniarterial. Perfil lipídico mais recente: LDL-C 108 mg/dL, HDL-C 179 mg/dL e triglicérides 108 mg/dL.

Discussão:Inibidores da colestheril ester transfer protein falharam em demonstrar que elevações robustas do HDL-C reduzem eventos cardiovasculares. Os estudos observacionais Cardiovascular Health in Ambulatory Care Research Team (CANHEART) e Copenhagen Heart Studies (CHS) em adultos sem evidência de DAC, encontraram uma "curva em U” associando o HDL-C com uma maior mortalidade em duas situações extremas:valores baixos com maior mortalidade por todas as causas (MTC) e por causa cardiovascular (MCV); ou então concentrações muito elevadas também se associaram a maior taxa de mortalidade. No CANHEART, HDL-C > 90 mg/dL se associou a maior MTC; No CHS, mulheres e homens com concentrações de HDL-C respectivamente ≥ 135 e ≥ 97 mg/dL, aumentaram tanto a MTC quanto a MCV. Este paciente apresentado destoa de tais dados, pois permaneceu com HDL-C muito elevado desde os 81 anos, porém CACs de zero, excelente evolução clínica e até seus 91 anos sem evidência de DAC. O HDL-C exerceu seu aparente papel protetor mesmo na presença de hipercolesterolemia grave.

Conclusões

Valores muito elevados do HDL-C podem paradoxalmente não ser cardioprotetores e até mesmo deletérios.  Contudo, outros fatores necessitam ser elucidados, para melhor compreender o papel do HDL-C elevado na população idosa.

Palavras-chave

Área

Pesquisa Clínica