Dados do Trabalho

Título

INTERVENÇAO PARA CESSAÇAO TABAGICA ENTRE FUMANTES DIABETICOS

Introdução

As raízes da relação entre o diabetes mellitus (DM) e a doença coronariana encontram-se em mecanismos relacionados à resistência insulínica e a outros componentes da síndrome metabólica. Adicionar o tabagismo neste cenário, com todo o rol de disfunção endotelial multifatorial que ele provoca, impacta, portanto, na progressão e desenvolvimento de complicações vasculares desta doença. O objetivo foi detalhar características clínicas e de história tabágica entre fumantes diabéticos, assistidos em serviço destinado à cessação tabágica.

Métodos

Estudo de coorte transversal e acompanhamento longitudinal, avaliando fumantes com multimorbidades em processo de cessação, de 09/2021 e 05/2023, em serviço público. Realizando seguimento com equipe multiprofissional, através de intervenções híbridas (reuniões presenciais e remotas), abordagem cognitivo-comportamental (ACC) e tratamento medicamentoso. Definições: Diabetes mellitus (DM): informação por autorrelato ou uso de medicação anti-diabética. Motivação para cessação: Escala de Likert (0 a 10 pontos); Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) definida por Stop Bang ≥ 5 pontos; glicemia de jejum anormal ≥100mg/dL; triglicerídeos anormal ≥150mg/dL.

Resultados

Foram avaliados 17 grupos consecutivos de tratamento, com 118 pacientes, idade de 57,54±9,38 anos, 51,7% de idosos e 84,7%, mulheres. Fumantes diabéticos representaram 30,2% da amostra, com índice de massa corporal de 29,31±6,38 kg/m2 e glicemia de jejum de 132,46±21,44 mg/dL. Ao se comparar fumantes com DM com aqueles sem DM, observou-se que os diabéticos apresentavam maior faixa etária (p<0,028), maior frequência de obesidade (p<0,001) e dislipidemia (p<0,003), com triglicérides mais altos (p<0,044); maior presença de hipertensão arterial (p<0,003), SAOS (p<0,042) e bipolaridade (p<0,031). Quanto à história tabágica, observou-se maior tempo de vício (p<0,033) e maior motivação para parar de fumar na 1ª (p<0,011) e na 2ª (p<0,049) reunião de ACC, mas não nas demais.

Conclusões

Na amostra estudada, a maior presença de componentes da síndrome metabólica entre os fumantes diabéticos demonstrou a maior vulnerabilidade para a coexistência destas condições, aumentando o risco cardiovascular, reforçado pelo maior tempo de vício. Na abordagem de fumantes diabéticos vale o maior estímulo à cessação nas primeiras semanas de abordagem, aproveitando o período de maior motivação e ampliando o alcance para cessação tabágica. 

Palavras-chave

Tabagismo, Cessação Tabágica, Diabetes Mellitus