XIX Congresso Brasileiro de Aterosclerose

Dados do Trabalho


Título

PREVALENCIA DOS FATORES DE RISCO CARDIOVASCULARES SEGUNDO A PRESERVAÇAO DA CULTURA GERMANICA: ESTUDO SHIP-BRAZIL

Introdução

A incidência de doenças cardiovasculares no Brasil tem aumentado nas últimas décadas; fato que tem exigido esforços na prevenção e manejo dos fatores de risco modificáveis. Os movimentos migratórios tem sido considerados fenômenos complexos associados ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e aterosclerose. O presente estudo teve por objetivo avaliar a associação entre a preservação da cultura germânica e a prevalência dos fatores dos fatores de risco cardiovasculares em descendentes alemães de 1ª e 2ª geração pertencentes a Coorte SHIP-BRAZIL.

Métodos

Estudo transversal baseado na linha de base da "Coorte Vida e Saúde em Pomerode (SHIP-BRAZIL)", onde se investigou os dados demográficos, estilo de vida e clínicos. Foram obtidos dados antropométricos (IMC, CC, %MG), autorrelato de doenças crônicas atuais e preservação da cultura germânica (falar alemão em casa, frequentar associação comunitária/cultural e, vestimentas, músicas e preservar a culinária alemã). As análises foram realizadas através do software SPSS versão 22.0, com nível de significância de 5%. 

Resultados

Foram selecionados 597 indivíduos, onde 68,3% preencheram os critérios para classificação em grupo Germânico. Foi observado que o grupo Germânico apresentou maior prevalência de HAS (41,9% versus 24,7%; p<0,001), dislipidemias (78,2% versus 81,0%; p=0,440), diabetes mellitus (11,1% versus 9,2%; p=0,516), esteatose hepática (9,9% versus 7,7%; p =0,267) e câncer (4,7% versus 1,2%; p=0,038). A pressão arterial sistólica no grupo Germânico foi superior ao grupo Não germânico (126±16 versus 121±13; p<0,001). A preservação da cultura germânica também influenciou negativamente o IMC (29,8±5,7 versus 28,3±5,0; p=0,002), CC (94,1±13,2 versus 88,9±12,8; p<0,001), e MG% (33,5±9,7 versus 19,9±8,6; p=0,039), onde o grupo Germânico teve maior prevalência de indivíduos com obesidade (62% versus 54%; p=0,007) e maior adiposidade estimada pela CC (72% versus 53%; p<0,001). Perfil semelhante foi observado quanto aos valores de MG% (50% versus 24%; p=0,003). A preservação da cultura germânica também se associou significativamente com a maior chance de os indivíduos terem maior CC (OR=2,296; IC95%:1,596 – 3,361; p<0,001), HAS (OR=2,200; IC95%:1,479 – 3,273; p<0,001) e MG% (OR=3,155; IC95%:1,435 – 6,937; p=0,004).

Conclusões

A preservação da cultura germânica associou-se ao aumento de múltiplos fatores de risco cardiovascular.

Palavras-chave

Migração, Risco Cardiovascular, Germânicos.

Área

Pesquisa Básica

Instituições

Faculdade de Saúde Pública- Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

TATIANA MARIA AMARAL ZAPPA, LArissa da Silva de Oliveira, Ernani Santa Helena, Nágila Raquel Teixeira Damasceno