XIX Congresso Brasileiro de Aterosclerose

Dados do Trabalho


Título

PAPEL NEGATIVO DO CONSUMO EXCESSIVO DE FRUTOSE NAS CITOCINAS INFLAMATORIAS HEPATICAS

Introdução

O balanço entre o consumo de gorduras e carboidratos tem sido extensivamente investigado como potencial estratégia para prevenção das doenças cardiovasculares (DCV) e aterosclerose. O uso de dietas com baixo teor de gorduras tem estimulado o aumento no consumo de carboidratos, sobretudo aqueles de rápida absorção (sacarose e frutose). Considerando o elevado consumo de alimentos industrializados, onde o conteúdo de frutose ultrapassa as recomendações diárias de consumo de frutas, legumes e verduras, torna-se atrativo avaliar o impacto do excesso de gorduras e carboidratos na saúde cardiovascular. O objetivo do estudo foi comparar o impacto do consumo excessivo de frutose sobre as vias inflamatórias envolvidas no desenvolvimento da esteatose hepática. 

Métodos

O estudo foi baseado em modelo experimental com 100 dias de seguimento. Doze ratos da espécie Wistar, machos e adultos jovens (7 semanas) foram distribuídos em 2 grupos: Grupo Controle (n=6) - ração comercial e água filtrada e, Grupo Frutose (n=6) - ração comercial e água filtrada com 30% de frutose. A ração e água foram administradas ad libitum. O consumo, peso e comprimento dos animais foram monitorados ao longo do estudo. Ao final do experimento, os animais foram sacrificados e o fígado coletado. A partir do tecido hepático foram avaliadas as proteínas totais (método BCA) e as citocinas - interleucina 1b (IL-1b), interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral (TNF-a) (sistema multiplex).

Resultados

Os animais do Grupo Controle tiveram maior comprimento (4,14±0,59 cm versus 3,43±0,47 cm; p=0,044) e maior consumo de ração (-2,70±3,06 g versus -11±4,01 g; p=0,03). No entanto, o Grupo Frutose ingeriu maior quantidade de água (67,78±13,73 mL versus 17,84±10,10 mL; p<0,001) e apresentou maior consumo calórico (48,88±15,55 kcal versus -13,97±19,03 kcal; p<0,001). Não houve diferença significativa em relação à variação do peso dos animais entre os momentos inicial e final (p=0,237). As concentrações de citocinas inflamatórias foram diferentes significativamente entre os 2 grupos. Houve aumento de todas as citocinas no Grupo Frutose, isto é, IL-1b (14,73±1,70 pg/mL versus 11,98±1,15 pg/mL; p=0,001), IL-6 (178,98±40,53 pg/mL versus 137,24±14,31pg/mL; p=0,015) e TNF-a (0,63±0,13 pg/mL versus 0,45±0,07; p=0,014). Não houve diferença significativa entre os 2 grupos em relação à presença de infiltrado inflamatório pela análise histológica do fígado (p=0,455).

Conclusões

O consumo de excessivo de frutose induziu a ativação das vias inflamatórias ao nível hepático.

Palavras-chave

Área

Pesquisa Básica

Instituições

Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

JULIA GALBIATI DE SOUZA, RIBANNA MARQUES, GLAUCIVAN GURGEL, FERNANDA RODRIGUES, ROSANA MANOLIO SOARES, NÁGILA RAQUEL TEIXEIRA DAMASCESNO