XIX Congresso Brasileiro de Aterosclerose

Dados do Trabalho


Título

PROCESSOS REDOX NA FISIOPATOLOGIA VASCULAR DA SINDROME DE MARFAN: CONVERGENCIA ENTRE PROTEINA DISSULFETO ISOMERASE, NADPH OXIDASE E ESTRESSE DO RETICULO ENDOPLASMATICO.

Introdução

Mutações no gene da fibrilina-1 (FBN1) resultam em ruptura da aorta, a principal causa de mortalidade na síndrome de Marfan (SM). Distintas mutações da FBN1 podem gerar uma proteína imatura e truncada, incompletamente processada e não secretada extracelularmente. No entanto, as vias pelas quais a mutação determina o fenótipo vascular não estão claras. Mostramos previamente que a proteína dissulfeto isomerase (PDI) se associa ao complexo NADPH oxidase, produtor de espécies oxidantes. Nossa hipótese é que processos redox envolvidos nestes distúrbios da proteostase contribuam para a fisiopatologia vascular da SM. O objetivo do presente estudo foi investigar a ocorrência e mecanismos de processos de sinalização redox vascular dependente de complexos NADPH oxidase, PDI e estresse do retículo endoplasmático (UPR) em aorta de camundongos com SM.

Métodos

Aortas foram analisadas em camundongos SM e selvagens em distintas etapas do desenvolvimento de alterações vasculares, 1, 3 e 6 meses de idade. Estrutura, produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), expressão da FBN1, PDI, marcadores da UPR (Grp78 e Grp94) e de NADPH oxidase (Nox 2 e 4) foram analisadas, bem como a co-localização entre a FBN1 e PDI.

Resultados

A expressão de FBN1 foi 80% menor nas aortas dos camundongos SM a partir do 1 mês de vida. Houve dilatação progressiva, ruptura de fibras elásticas e fibrose entre 3-6 meses nos SM. A produção de ROS, avaliada pela hidroetidina e de espécies radicalares pelo anticorpo anti-DMPO aumentou aos 6 meses. Expressão de Grp78, Grp94, Nox 2 e 4 e PDI também aumentou aos 6 meses. Tomografia de coerência óptica mostrou que apenas aos 6 meses de idade camundongos SM desenvolvem aneurisma de aorta detectável, ocorrendo próximos a regiões com alto espessamento de parede. Estas regiões se associaram a maior expressão de PDI, produção de ROS e FBN1 na adventícia e acúmulo difuso de colágeno em todas as camadas da aorta. Na região do aneurisma em si, houve maior expressão de PDI e FBN1, produção de ROS difusa em todas as camadas da aorta e acúmulo de colágeno na adventícia (Figura). Houve co-localização da FBN1 com a PDI apenas na adventícia da aorta de camundongos SM com 6 meses de idade.

Conclusões

ROS e NADPH oxidases, relacionados à PDI e convergência com UPR, ocorrem na crossa de aorta de camundongos SM com 6 meses de idade e podem contribuir para a evolução da história natural da doença.

Palavras-chave

Proteína dissulfeto isomerase, NADPH oxidase; Estresse do retículo endoplasmático; Síndrome de Marfan; Aneurisma de aorta

Área

Pesquisa Básica

Instituições

Instituto do Biociências -USP - São Paulo - Brasil, Instituto do Coração - HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

MARIA CAROLINA GUIDO, Victor Debbas, Vera Maria Curi Salemi, Celso Takimura, Lygia Veiga Pereira, Leonardo Y Tanaka, Francisco R M Laurindo