XIX Congresso Brasileiro de Aterosclerose

Dados do Trabalho


Título

DETERMINANTES SOCIAIS DE SAUDE: A INFLUENCIA DA ETNIA E DA ESCOLARIDADE EM PACIENTES COM DOENÇA CORONARIA ESTAVEL EM UM CENTRO TERCIARIO NO BRASIL

Introdução

Compreender os determinantes sociais da saúde e sua influência em pacientes com doença coronária estável (DCE) é fundamental em um sistema público de saúde. A incidência de eventos cardiovasculares nesta população pode variar significativamente, a depender de diversos fatores, tais como região geográfica, renda familiar e acesso ao sistema de saúde. O nível de escolaridade é um dos determinantes desses fatores, bem como a etnia, uma vez que a população branca concentra a maior parte da renda do país e tem mais acesso ao sistema de saúde.  O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da etnia e da escolaridade na taxa de eventos cardiovasculares e na qualidade do tratamento de pacientes com doença coronária estável em um centro público terciário de saúde no Brasil.

Métodos

Pacientes com DCE, caracterizada como procedimento de revascularização prévio (cirúrgico ou percutâneo), infarto do miocárdio (IM) prévio ou estenose > 50% em pelo menos uma artéria coronária epicárdica que se apresentaram para uma avaliação clínica foram incluídos e acompanhados por pelo menos 3 anos. Foram divididos em categorias étnicas (brancos vs não-brancos) e de escolaridade (analfabetos vs alfabetizados). O desfecho primário foi a combinação de IM, acidente vascular cerebral ou morte. Também foi avaliada a prescrição, sintomas e dados laboratoriais.

Resultados

Foram incluídos 688 pacientes com média de idade de 65 (±9,4) anos, 84,9% brancos e 30,5% mulheres. Diabetes foi prevalente em 50,7% e hipertensão arterial em 87,1%. Em um acompanhamento médio de 1.463 dias, foram registrados 117 eventos do desfecho primário composto. Não houve diferença no desfecho primário composto entre as categorias, apesar de uma tendência de eventos mais altos na população não branca e na população analfabeta (figuras). A população analfabeta apresentaou mais comorbidades: diabetes (61,4% x 49,3%, p < 0,05), fibrilação atrial (10,8 x 5,1%, p < 0,05) e doença arterial periférica (13,3 x 5,5%, p < 0,05). Além disso, os analfabetos apresentavam mais angina (89,9 x 36,6%, p < 0,05).  Com relação aos grupos etnicos, não houve diferença nas comorbidades, controle dos fatores de risco, controle da angina ou prescrição de antitrombóticos e estatinas.

Conclusões

Neste estudo, a etnia não esteve associada ao controle das comorbidades ou a taxa de eventos cardiovasculares, enquanto a baixa escolaridade esteve associada a mais comorbidades e pior controle da angina, mas também não a taxa de eventos cardiovasculares.

Palavras-chave

Área

Pesquisa Clínica

Instituições

Instituto do Coração, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

HENRIQUE TROMBINI PINESI, THIAGO DE ASSIS FISCHER RAMOS, EDUARDO BELLO MARTINS, EDUARDO MARTELLI MOREIRA, FABIO GRUNSPUN PITTA, EDUARDO GOMES LIMA, FABIANA HANNA RACHED, CARLOS VICENTE SERRANO JR.