Dados do Trabalho
Título
SEGUIMENTO DE CINCO ANOS DE PACIENTES COM DOENÇA CORONARIA ESTAVEL EM UM CENTRO ESPECIALIZADO NO BRASIL
Introdução
A incidência de eventos cardiovasculares em pacientes com Doença Coronária Estável (DCE) pode variar significativamente entre as regiões geográficas. O Brasil é frequentemente sub-representado nos registros internacionais a despeito do tamanho da sua população. O objetivo desse estudo é descrever as características clínicas, a qualidade do atendimento, a incidência de eventos cardiovasculares em 5 anos e os fatores prognósticos associados em pacientes com DCE em um centro público terciário de saúde no Brasil.
Métodos
Pacientes com DCE, definidos como procedimento de revascularização prévio (cirúrgico ou percutâneo), infarto do miocárdio (IM) prévio ou estenose > 50% em pelo menos uma artéria coronária epicárdica, foram incluídos e acompanhados ambulatorialmente. O desfecho principal foi o composto de morte, infarto do miocárdio não-fatal e acidente vascular cerebral não-fatal. Também foram avaliadas a prescrição, sintomas e exames laboratoriais.
Resultados
Foram incluídos 1062 pacientes com idade média de 64 (±10) anos, 326 (30,7%) mulheres. IM prévio estava presente em 644 (61%) e 681 (64,8%) dos pacientes já haviam sido submetidos à algum procedimento de revascularização, sendo cirurgia em 305 (29,1%) e intervenção coronária percutânea em 492 (46,9%). Diabetes foi prevalente em 552 (52%) e hipertensão arterial em 919 (86,5%). Doença renal crônica, definida como ritmo de filtração glomerular abaixo de 60ml/min/m², estava presente em 286 (31,1%) dos casos. 1010 (95,1%) pacientes estavam em uso de pelo menos uma medicação antitrombótica, sendo a medicação mais comumente prescrita o AAS (970, 91,3%). Estatinas foram prescritas para 1011 (95,2%) dos pacientes, sendo estatina de alta potência em 754 (71%). Durante o seguimento foram registrados 162 eventos do desfecho primário composto, com uma incidência estimada em 5 anos de 15,3% (IC95% 0,63 – 0,75), conforme demonstrado na figura. Idade (HR 1,04, IC 95% 1,02-1,07) e função ventricular esquerda (HR 0,97, IC 95% 0,95-0,98) foram os fatores prognósticos identificados na análise multivariada. Angina estava presente em 381 (35,9%) dos pacientes na inclusão.
Conclusões
Os pacientes com DCE em nossa instituição tiveram incidência em 5 anos do desfecho primário composto de 15,3%, sendo idade e função ventricular esquerda os fatores prognósticos identificados. A taxa de prescrição de terapia antrombótica e estatinas foi elevada.
Área
Pesquisa Clínica
Instituições
Instituto do Coração, Hospital das Clínicas, Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
HENRIQUE TROMBINI PINESI, EDUARDO MARTELLI MOREIRA, EDUARDO BELLO MARTINS, FÁBIO GRUNSPUN PITTA, Fabiana Hanna Rached, EDUARDO GOMES LIMA, CARLOS VICENTE SERRANO JR