Dados do Trabalho

Título

ASPECTOS METABOLICOS E FUNCIONAIS DA PARTICULA DE HDL: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PACIENTES COM ANGINA REFRATARIA E ANGINA NAO LIMITANTE

Introdução

A angina é considerada a principal manifestação clínica da Síndrome Coronariana Crônica (SCC) e aflige cerca de 5% dos indivíduos com mais de 40 anos em todo o mundo. Estima-se que 15% dos pacientes com SCC apresentem sintomas refratários e agreguem, portanto, maior risco para eventos coronarianos agudos e apresentem o dobro de risco para morte cardiovascular. Biomarcadores prognósticos não estão bem elucidados dentro da SCC. A busca por marcadores do metabolismo lipídico capazes de discriminar pacientes com angina refratária é de interesse, podendo espelhar alterações metabólicas relacionadas à progressão da doença coronariana.

Métodos

Estudo transversal, unicêntrico, descritivo e comparativo. Os pacientes foram selecionados a partir da Unidade Ambulatorial do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Angina Refratária, da Unidade de Coronariopatia Crônica e da Unidade de Aterosclerose do InCor-HCFMUSP.

Resultados

Foram incluídos 69 pacientes (28 do grupo AR e 41 do grupo AE) que realizaram coleta de amostra de sangue. Foram realizados o ensaio de transferência de lípides para a HDL e as medidas do diâmetro da HDL e da atividade da paraoxonase 1 (PON1), e as determinações do perfil lipídico e de apolipoproteínas. Os dois grupos foram similares entre si. Não houve diferença estatística entre os valores do perfil lipídico ou das apolipoproteínas. Contudo, nota-se diferença significativa no histórico pregresso (p=0,02) e números de infarto agudo do miocárdio no grupo AR (p≤0,001). A realização de intervenção coronariana (p≤0,001) e o número de abordagens (p≤0,001) também foi significativamente maior nesse grupo. Não houve diferença entre os grupos no que tange as comparações envolvendo o ensaio de transferência de lípides (p=0,69 e p=0,71), a função da PON1 (p=0,80) e o diâmetro da HDL (p=0,81). Essas variáveis não mostraram correlação significativa com a complexidade anatômica nos grupos estudados.

Conclusões

 Apesar de alguns estudos mostrarem que a função da HDL está alterada em situações que envolvem aterosclerose acelerada, esse trabalho não mostrou diferença entre a transferência de colesterol esterificado e colesterol livre da nanopartícula lipídica artificial para a partícula de HDL entre pacientes com AR e AE, bem como não houve diferença no diâmetro da partícula de HDL e na função da PON1 nesses grupos. Não houve correlação entre a avaliação funcional e metabólica da partícula de HDL com a complexidade anatômica avaliada através do Syntax Escore I.